Potencial Bilionário
Cannabis pode movimentar R$ 5,7 bilhões no Brasil até 2030
Com início previsto para 2026, cultivo de cânhamo esbarra na falta de regulamentação clara
O cânhamo — ou cannabis industrial — está no centro de um plano ousado para transformar a economia agrícola brasileira nos próximos anos. Com potencial de gerar R$ 5,76 bilhões em receita até 2030, a planta, que já é chamada por especialistas de “nova soja”, ainda depende de um passo decisivo: a regulamentação.
O ponto de partida foi o relatório Caminhos Regulatórios para o Cânhamo no Brasil, apresentado em Brasília, com participação da Embrapa e do Instituto Ficus. A proposta é dar início a projetos-piloto em 2026, liberando crédito rural e estrutura para pequenos e médios produtores. Já o cultivo em escala comercial viria no ano seguinte, e as exportações, em 2028.
O cronograma prevê que, em cinco anos, o Brasil esteja entre os principais exportadores de produtos à base de cannabis. Para isso, o país teria que superar o principal entrave atual: uma portaria da Anvisa de 1998 que proíbe qualquer cultivo da planta.
A expectativa é de que até o fim de setembro haja um decreto presidencial destravando o processo. No entanto, o setor teme que a regulamentação limite o cultivo apenas ao uso medicinal, ignorando a cadeia produtiva mais ampla do cânhamo — como fibras para construção, tecidos e alimentos.
Segundo o estudo, só as sementes da planta podem render R$ 2,3 bilhões, usadas na indústria alimentícia. Já o caule, transformado em fibras, teria potencial para outros R$ 3,2 bilhões.
A pesquisadora Daniela Bittencourt, da Embrapa, resume a urgência do tema: “O cânhamo pode ser para o Brasil o que a soja foi há 50 anos. Estamos atrasados.”
O país possui clima, solo e tecnologia para liderar essa revolução. Falta apenas dar o sinal verde.



