
É difícil até colocar em palavras o que criadores, cuidadores e amantes de cavalos estão sentindo neste momento. Quase 300 animais mortos. Uma perda imensurável — emocional, afetiva, simbólica. O Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) confirmou que 284 equinos morreram após consumir ração fabricada pela Nutratta Nutrição Animal. A empresa está sob investigação e teve a produção suspensa para todas as espécies animais.
As análises laboratoriais apontaram a presença de monocrotalina, um alcaloide altamente tóxico, proveniente da planta Crotalaria. A substância causa danos severos ao fígado dos animais. O problema, segundo o MAPA, foi provocado por falhas no controle de qualidade e na seleção da matéria-prima.
O Ministério já recolheu lotes contaminados e segue fiscalizando a fábrica. A decisão judicial que havia permitido, de forma parcial, a retomada da produção da Nutratta foi revogada. Agora, a empresa está proibida de fabricar qualquer tipo de ração até que todas as irregularidades sejam sanadas.
A dor dos criadores e a resposta da empresa
A empresa se manifestou apenas por meio de nota oficial, demonstrando pesar pela tragédia e afirmando que colabora com as investigações. “Sabemos que, para muitos, esses animais são parte da família”, diz um trecho do comunicado. A Nutratta alega que tem tecnologia própria, protocolos rígidos e que está empenhada em apurar os fatos com responsabilidade técnica.
Ainda assim, o impacto foi devastador. Os relatos vieram primeiro de São Paulo, em maio. Em pouco tempo, mortes semelhantes surgiram na Bahia, Goiás, Rio de Janeiro, Alagoas e Minas Gerais. Sempre com um mesmo fator em comum: os cavalos que morreram haviam consumido ração da Nutratta.
Apesar da interdição, o Ministério alerta que é fundamental suspender imediatamente o uso de qualquer lote das rações produzidas pela empresa. O processo investigativo segue ativo e os resultados de novas análises laboratoriais vão determinar os próximos passos.
Enquanto isso, criadores pedem respostas e acima de tudo justiça. Porque mais do que números, são vidas que se perderam de forma brutal e, ao que tudo indica evitável.