
No plenário virtual do STF, Luiz Fux virou o centro das atenções ao ser o único a votar contra as medidas cautelares aplicadas a Jair Bolsonaro. O ex-presidente, que já é réu por tentativa de golpe, foi proibido de usar redes sociais e teve tornozeleira eletrônica imposta por decisão de Alexandre de Moraes. Fux discordou de tudo.
A posição do ministro não é surpresa total. Desde março, ele vinha sinalizando incômodos com os rumos do processo.
Para Fux, as penalidades estão “exacerbadas” e a própria competência do Supremo para julgar o caso é questionável, já que os acusados não têm mais foro privilegiado.
Nos bastidores, o gesto de Fux acendeu alerta e esperança. Advogados veem nele a chance de um voto que rompa a unanimidade — o que, juridicamente, abre espaço para recursos. E mais: o voto contrário às medidas foi claro. O ministro disse não ver risco de fuga e falou em “restrição desproporcional” a liberdades básicas, como a de expressão.
Enquanto Moraes endurece o tom e ganha maioria no STF, Fux se consolida como contraponto. A Casa Branca, que recentemente impôs sanções ao Brasil e suspendeu vistos de ministros, teria poupado Fux — junto com André Mendonça e Nunes Marques — numa sinalização política que não passou despercebida em Brasília.