Em 2024, Goiás registrou 79.099 nascimentos, o menor número desde 2003, segundo dados do IBGE. O total representa uma queda de 3,3% em relação a 2023 e reflete mudanças estruturais no comportamento reprodutivo das famílias. No Brasil, a redução foi ainda mais acentuada: 5,8%, a maior em duas décadas.
Transformação demográfica em curso
Para o professor Paulo Henrique Cirino Araújo, da UFG, a diminuição dos nascimentos é parte de um processo de transição demográfica, marcado por menores taxas de natalidade e mortalidade, influenciado por mudanças econômicas, sociais e culturais.
“Ter filhos deixou de ser um evento esperado em idades mais jovens. Passou a ser uma decisão planejada, associada à renda, à rotina de trabalho e à existência de apoio familiar ou institucional”, explica.
Impactos da pandemia e fatores socioeconômicos
O recuo se intensificou durante a pandemia de Covid-19, que levou muitas famílias a adiar gestações devido à incerteza econômica e instabilidade no mercado de trabalho. Outros fatores como o aumento do custo de criação de filhos, falta de políticas públicas de cuidado e baixa corresponsabilização masculina no cuidado infantil também pesam sobre as decisões familiares.
Crescimento da população idosa
Paralelamente à redução de nascimentos, a população com 60 anos ou mais em Goiás dobrou em cerca de uma década, passando de 500 mil em 2010 para quase 1 milhão atualmente. Esse envelhecimento rápido exige ajustes no sistema de saúde, proteção social e políticas públicas para garantir qualidade de vida aos idosos.
Perspectivas futuras
Segundo o professor, a tendência é de continuidade da queda na fecundidade e do envelhecimento populacional. Fortalecer a atenção primária, redes de cuidado de longa duração e programas como o Viver Mais Goiás são medidas essenciais para enfrentar os desafios demográficos que se aproximam.



