Crise Diplomática
Crise entre Brasil e EUA deve se agravar, diz analista americano
Ao defender que é uma verdadeira caça às bruxas, presidente americano vê emparelhamento de poderes como ameaça à democracia na América Latina

“Vai piorar antes de melhorar.”
A frase do pesquisador Brian Winter não poderia ser mais direta sobre a tensão que vem se intensificando entre Brasil e Estados Unidos. Para ele, o cenário atual é de confronto declarado – e pessoal.
A crise explodiu após o governo americano anunciar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e suspender vistos de ministros do STF e do procurador-geral da República. O estopim? O tratamento dado pela Justiça brasileira a Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe, e agora monitorado por tornozeleira eletrônica.
Para o líder americano, o emparelhamento da Suprema Corte da Justiça brasileira com o Poder Executivo liga o sinal de alerta de características ditatoriais e coloca em risco a democracia brasileira, seguindo passos de países sul-americanos como Venezuela. Para ele, esse pensamento é justificado pela ausência de imparcialidade dos juízes brasileiros.
“É uma verdadeira caça às bruxas.” Afirmou Trump.
Para Winter, editor da Americas Quarterly, a Casa Branca vê o Brasil como um alvo de “baixo custo” – ou seja, fácil de pressionar sem riscos políticos internos. Trump, segundo ele, transformou a defesa de Bolsonaro numa espécie de missão pessoal, enxergando paralelos com sua própria situação nos EUA.
Enquanto isso, o presidente Lula parece disposto a manter o pulso firme, ainda que o preço seja alto. O analista alerta: se Bolsonaro for preso, novas sanções devem ser anunciadas. O clima é de tensão crescente, com a ausência de diálogo direto entre os governos como agravante.
Winter vê pouca margem para negociação, especialmente porque o Brasil vive um momento institucional delicado, em que decisões do STF, como a restrição do uso de redes sociais por Bolsonaro, geram desconforto até fora do país.
Nos bastidores, empresas tentam conter os danos. Mas no front político, o embate já está posto. E, como alerta Winter, ninguém parece interessado em recuar.
- Com informações da BBC Brasil