Brasil

Infância Ameaçada

Adultização infantil, o perigo de transformar crianças em pequenos adultos antes da hora

Fenômeno é agravado pela exposição digital precoce e pode comprometer a saúde emocional e o desenvolvimento das novas gerações

Uma criança que não brinca mais. Outra que repete frases adultas sobre aparência, dinheiro ou fama. Tem também aquela que se irrita fácil, vive cansada, não socializa com os colegas. Esses comportamentos, que parecem isolados, têm um nome por trás: adultização.

O termo ganhou destaque nos últimos dias depois que um vídeo do influenciador Felca viralizou. O conteúdo acendeu um alerta sobre o quanto estamos — muitas vezes sem perceber — forçando nossas crianças a pularem etapas importantes da vida.

Adultização é isso: quando, por pressão social, familiar ou digital, a criança é exposta a conteúdos, situações ou responsabilidades que não condizem com a idade dela. Pode ser desde cuidar dos irmãos pequenos, se preocupar com dinheiro, usar maquiagem com frequência ou estar nas redes sociais buscando likes e seguidores. Tudo isso tem um custo — e ele não é leve.

Redes sociais, monetização e a pressa em crescer

O acesso precoce à internet virou um dos principais motores desse fenômeno. Um levantamento do Cetic.br mostrou que 93% das crianças e adolescentes entre 9 e 16 anos no Brasil já usam a internet. E mais: 20% começaram antes dos 6 anos.

Nesse ambiente, muitos viram influenciadores mirins, com conteúdos pensados para agradar um público adulto — ou mesmo alimentar negócios da própria família. A linha entre expressão e exploração se perde.

O cérebro das crianças, em formação, é bombardeado por estímulos. A busca por curtidas ativa o circuito de recompensa e gera vício. Emoções intensas, falta de maturidade para lidar com frustrações, e a comparação constante com padrões inalcançáveis afetam autoestima, empatia e até o rendimento escolar.

O que os pais precisam perceber

A mudança não acontece de uma hora pra outra. Segundo especialistas, os sinais estão no dia a dia: uma criança que não brinca, que fala de sexualidade de forma precoce, que se isola, se irrita fácil ou quer ser “adulta” demais pode estar passando por esse processo.

É papel da família e da sociedade frear essa aceleração. Oferecer tempo de qualidade fora das telas, estabelecer limites, preservar a infância — e, acima de tudo, ouvir. Criança precisa ser criança. Brincar, explorar, errar, imaginar. Viver cada fase no tempo certo é o que vai prepará-la, de verdade, pra vida adulta.

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  • Redação Citizen

    Redação do Portal Citizen

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