Exportação de Café
Tarifa de Trump encarece café nos EUA e derruba exportações brasileiras
Produto brasileiro sofre com imposto de 50%, e inflação do café atinge recorde de quase 30 anos nos Estados Unidos

O cafezinho diário dos americanos nunca pesou tanto no bolso. Desde que o governo Trump impôs uma tarifa de 50% sobre o café brasileiro, a bebida subiu 3,6% em apenas um mês, maior alta em 14 anos. E a crise pode se agravar: o Brasil, maior fornecedor do grão para os Estados Unidos, viu suas exportações despencarem quase pela metade em volume e 31,5% em valor só em setembro.
A crise ganhou espaço na conversa entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, por videoconferência nesta segunda (6/10). Segundo apuração da BBC News Brasil, o americano admitiu que seu país “sente falta” do café brasileiro nas prateleiras, num momento em que a inflação do produto já acumula 20,9% em um ano, a maior desde 1997.
Os dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento mostram que a venda de café para os EUA despencou para US$ 113,8 milhões no mês passado. Enquanto isso, as importações brasileiras vindas dos EUA cresceram 14,3%, gerando um déficit de US$ 1,77 bilhão na balança bilateral.
Trump ouviu de Lula um pedido claro: a retirada da tarifa que, além de afetar o setor cafeicultor, agrava um desequilíbrio comercial entre as duas maiores democracias do Ocidente. O presidente brasileiro também pediu o fim das sanções a autoridades brasileiras, como a cassação de vistos do ministro Alexandre de Moraes.
Na conversa, Trump mencionou o “mal humor” na Assembleia da ONU, mas disse que o encontro com Lula “valeu a pena”. Em sua rede Truth Social, afirmou ter tido uma “ótima conversa” com o líder brasileiro e prometeu novos encontros.
O café virou símbolo da tensão e da dependência. Os EUA consomem mais de 450 milhões de xícaras por dia, mas não produzem nem de longe o suficiente. O grão brasileiro segue essencial, e a sede americana, inabalável.