Autor húngaro vence Nobel por dar sentido ao caos com literatura

Um escritor que viu no desespero uma forma de arte. Esse é László Krasznahorkai, o húngaro que acaba de ser anunciado como vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025. Segundo a Academia Sueca, ele foi escolhido por uma obra “convincente e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”.

Nascido em 1954, numa Hungria ainda marcada pelos traumas da repressão soviética, Krasznahorkai carrega no próprio olhar uma espécie de inquietação permanente. Seus livros, ambientados muitas vezes em vilarejos abandonados da Europa Central, mergulham o leitor num mundo sombrio, onde símbolos fragmentados tentam dar sentido a uma realidade sem fé, sem rumo e, por vezes, sem perdão.

Chamado de “mestre do apocalipse contemporâneo” pela crítica americana Susan Sontag, o autor nunca fez concessões: sua escrita é densa, longa, quase hipnótica. Mas é justamente aí que mora sua força. Ao contrário de outros premiados que dividiram opiniões, a escolha de Krasznahorkai parece quase unânime entre leitores e críticos.

Com esse reconhecimento, ele se junta a nomes históricos como Faulkner, Churchill e Orhan Pamuk. E, mais do que isso, coloca a literatura húngara marcada por silêncios forçados e histórias sufocadas no centro de uma conversa urgente sobre o papel da arte num mundo que parece desmoronar.