
A dor de quem foi caluniado, o silêncio forçado de quem teve a honra ferida e o medo de ver a própria imagem sendo destruída por páginas anônimas na internet têm, enfim, data para serem enfrentados com voz e coragem. Na próxima terça-feira, 3 de junho, a Câmara Municipal de Anápolis vai abrir suas portas – e microfones – para uma audiência pública histórica: vítimas dos ataques promovidos pelo perfil “Anápolis na Roda” serão ouvidas. A promessa é de que a sessão faz parte da mobilização da Frente de Acompanhamento da Operação Máscara Digital, instaurada por um grupo de vereadores que exige respostas urgentes a um dos escândalos mais graves da política local nos últimos anos.
Um esquema que choca pela frieza e pelo alcance
A página “Anápolis na Roda” se vendia como um canal de denúncias e críticas, mas, segundo as investigações da Polícia Civil, funcionava como uma verdadeira máquina de destruição de reputações. Acusações infundadas, montagens, difamações e ataques coordenados atingiram políticos, servidores, empresários e cidadãos comuns. Tudo isso, supostamente, com envolvimento de servidores públicos.
O nome do prefeito Márcio Corrêa (PL) aparece entre os investigados. Por ter foro privilegiado, o caso foi levado ao Tribunal de Justiça de Goiás. A gravidade é tamanha que a Câmara decidiu, mesmo antes da instauração formal de uma CEI (Comissão Especial de Investigação), criar uma frente parlamentar exclusiva para acompanhar os desdobramentos da Operação Máscara Digital.
A audiência pública promete ser um divisor de águas. Pela primeira vez, nomes e rostos que antes estavam apenas nas entrelinhas das postagens difamatórias vão ocupar o centro do plenário para contar suas histórias, expor as consequências emocionais, profissionais e familiares dos ataques.
Diversos segmentos da sociedade anapolina estarão representados. Já confirmaram presença vítimas ligadas ao funcionalismo público, à iniciativa privada, à imprensa e até mesmo lideranças religiosas.
A cidade exige transparência
O caso “Anápolis na Roda” não é só um escândalo de fake news. É um alerta. É um reflexo do que pode acontecer quando o poder se sente impune, quando a comunicação é usada para atacar e não para informar.
A Frente de Acompanhamento segue pressionando pela abertura da CEI. Já são seis assinaturas, e os bastidores indicam que mais nomes podem se somar nos próximos dias. Se aprovada, a comissão terá poder para convocar depoentes, requisitar documentos e, se for o caso, indicar responsabilidades que extrapolam a esfera criminal. Anápolis espera que os agentes públicos cumpram seu papel de vereadores eleitos que garanta transparência, respeito dos eleitores que neles confiaram seu voto.