Comércio Internacional
Brasil tenta salvar relação comercial com EUA mesmo sob tarifaço de Trump
Planalto evita ceder às pressões políticas, mas busca saída diplomática para poupar setores da nova taxação

O governo brasileiro já admite, a partir de 1º de agosto, Donald Trump deve mesmo bater o martelo e impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. A ordem vinda da Casa Branca é clara e segundo interlocutores, não há espaço para recuo político. Ainda assim, Brasília segue jogando suas fichas numa estratégia arriscada, separar o que é política do que é economia.
A avaliação interna é de que parte das exigências do governo Trump tem caráter de sanção política, em especial, pela relação do Brasil com o ex-presidente Jair Bolsonaro e pela regulação das big techs. E, nesse ponto, o Planalto não pretende ceder. O risco seria abrir um precedente perigoso, que poderia alimentar ainda mais pressões futuras.
A esperança, agora, está nas brechas comerciais. Com base na seção 301 da lei de comércio americana, o governo brasileiro tenta negociar isenções setoriais — especialmente em áreas de interesse direto para grupos empresariais dos EUA. A ideia é atuar nos bastidores para que, ao menos, parte do tarifaço seja suavizado.
Mesmo sem resposta concreta de Washington até o momento, o recado de Brasília é insistente: o Brasil quer diálogo. Nem que seja no limite do prazo. A aposta é que, por razões econômicas internas, os próprios americanos barrem a aplicação integral das novas tarifas em alguns segmentos estratégicos. A política pode estar travando a diplomacia, mas a economia ainda tenta respirar.