
Primeiro a carreira, depois o bebê, este é o novo retrato da maternidade brasileira
Você já deve ter notado ao redor: mais mulheres estão decidindo ter filhos depois dos 40. E não é coincidência. O Brasil vive uma transformação silenciosa, mas profunda. Entre 2010 e 2022, o número de mulheres que se tornaram mães após os 40 anos cresceu quase 60%, segundo o IBGE. Em alguns estados, como Goiás e Mato Grosso, esse número mais do que dobrou.
Dayane do Vale é uma dessas mulheres. Psicóloga, ela tentou várias vezes engravidar. Agora, aos 40, comemora a primeira gestação. “Eu não me sinto com 40, mas acredito que a gente está mais madura pra criar, educar, passar tempo com a criança”, diz, com o olhar cheio de esperança.
Maturidade emocional e estabilidade financeira
Gleiciani de Lima, enfermeira, viveu o primeiro Dia das Mães aos 44 anos. “Eu tinha medo de perder minha liberdade. Mas chegou uma hora que pensei: será que não vou sentir falta? E aí decidi. Eu quero ser mãe.”
Essas histórias refletem uma tendência cada vez mais comum: primeiro os estudos, depois a carreira — e só então a maternidade.
“Hoje em dia, as mulheres têm mais anos de escolaridade do que os homens no Brasil”, destaca a pesquisadora Lorena Hakak, da FGV.
Gravidez após os 40 é saudável, sim
O presidente da Associação Médica de Goiás, Washington Rios, afirma que o conceito de “gravidez de risco” mudou.
“Mulheres de 40 chegam ao consultório com saúde e engravidam de forma espontânea. Muitas não procuram tratamento, simplesmente esperam o momento certo.”
Juliana Cunha teve sua primeira filha aos 20 e a segunda, Maria Júlia, aos 40. “Hoje estou estável na carreira. Sei que nem todas têm essa sorte. Mas a luta continua: queremos espaço no mercado também depois da maternidade.”
Enquanto os nascimentos entre adolescentes caíram 73% desde 1990, os de mulheres com mais de 40 dispararam: +193%. A cena mudou. E o que antes era exceção, agora é símbolo de uma nova mulher — dona do seu tempo e das suas escolhas.
- Com informações de entrevistas do JN