Quando o Ministério da Saúde confirmou o investimento de R$ 9,8 bilhões para adaptar o SUS às mudanças climáticas, a impressão imediata foi de que, enfim, o país encara o problema onde ele mais dói: no impacto direto sobre a vida das pessoas. O anúncio, feito durante o Abrascão e reforçado na COP30, deixou claro que o clima extremo não é mais alerta distante, mas parte da rotina das unidades de saúde.

O plano AdaptaSUS chega com a promessa de transformar UBSs, UPAs e hospitais em estruturas capazes de enfrentar ondas de calor, enchentes e vendavais. Isso inclui desde obras de reforço até a compra de equipamentos que resistam às interrupções causadas por desastres. É um movimento que dá a sensação de que o sistema, tão pressionado nos últimos anos, começa a se reorganizar para o que vem pela frente.

Entre as novidades, o lançamento do Guia Nacional de Unidades de Saúde Resilientes chamou atenção. O documento passa a orientar projetos do Novo PAC Saúde, sugerindo autonomia hídrica e energética, inteligência predial e padrões de segurança que ajudam as unidades a funcionar mesmo em cenários extremos. Durante o anúncio, ficou evidente que a intenção é evitar que hospitais paralisem por eventos climáticos, algo que já afeta um em cada 12 no mundo.

O ministério também criou um grupo técnico reunindo Fiocruz, Anvisa, Opas e conselhos de saúde para detalhar e implementar as normas. A sensação é de que, pela primeira vez, várias instituições puxam juntas o mesmo fio.

O congresso ainda marcou o lançamento da Inaep, estrutura que promete modernizar a ética em pesquisas no Brasil. A proposta busca agilizar análises, reduzir retrabalhos e aproximar o país de práticas internacionais. É mais um passo para um sistema de saúde que tenta se tornar, ao mesmo tempo, mais forte e mais preparado para um clima que já não espera por ninguém.