Manobras fiscais empurram rombo fora da meta para quase R$ 400 bilhões

Por fora da meta, mas dentro da conta. O governo Lula vai somar pelo menos R$ 387,8 bilhões em despesas que escapam da regra fiscal até o fim de 2026. O dado, que já provoca alerta no mercado, envolve desde o socorro a vítimas do tarifaço de Trump até o pagamento de precatórios represados e indenizações por fraudes no INSS.

O novo pacote, batizado de Brasil Soberano, inclui R$ 9,5 bilhões para apoiar exportadores atingidos pela alta de tarifas americanas. O valor se junta a uma série de exceções já acionadas — como a PEC da Transição, o socorro ao Rio Grande do Sul e o reajuste do Bolsa Família.

A manobra exige aval do Congresso, por meio de projeto de lei complementar. Especialistas ouvidos criticam a prática recorrente de empurrar gastos para fora da meta, o que, segundo eles, reduz a credibilidade da política fiscal do país.

O Ministério da Fazenda alega que a maior parte do valor cobre passivos herdados, como precatórios não pagos na gestão Bolsonaro. Mas projeções apontam que, até o fim do mandato, o montante pode ultrapassar os R$ 390 bilhões — e crescer mais com a proximidade eleitoral.

No papel, o governo promete equilíbrio. Na prática, as brechas se multiplicam. E o teto, mesmo reformado, parece seguir cada vez mais distante do chão.