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Capacitação em Anápolis prepara servidores para melhorar atendimento a pessoas com deficiência

Por Leidiana Batista, de Anápolis

Na última quinta-feira, dia 22, durante um dia inteiro de atividades, servidores públicos participaram de uma capacitação voltada para a melhoria do atendimento a pessoas com deficiência e neurodivergentes.

A ação, idealizada pela servidora pública Janaina Espíndola, mãe de um filho autista e engajada na causa da inclusão, foi realizada pela Secretaria de Indústria, Comércio e Agricultura em parceria com o Sebrae Goiás, com apoio do Senai Goiás.

O encontro reuniu cerca de 60 servidores da administração pública, com foco especial nos atendentes da Secretaria de Indústria, Comércio e Agricultura, onde funciona uma das Salas do Empreendedor de Anápolis.

“Muitas pessoas com deficiência têm dificuldades em encontrar trabalho na CLT, e por necessidade acabam empreendendo. Quando chegam aqui, precisam encontrar a orientação certa”, destacou Janaina.

A proposta foi dar voz às próprias pessoas com deficiência e trazer especialistas renomados para falar sobre inclusão, acessibilidade e qualidade no atendimento.

Vozes que Inspiram: palestrantes transformam desafios em aprendizado

O dia de capacitação contou com palestras que emocionaram, provocaram reflexões e trouxeram aprendizados práticos para os servidores. Entre os convidados estavam Rayssa Horrana (Senai), Trajano Figueiredo (FIMTPODER), a intérprete de Libras professora Kelley, a psicopedagoga Janaína Athayde (ASPAAD) e a advogada Dra. Amanda Raila.

O clima foi de leveza e, ao mesmo tempo, de conscientização. Com humor, o palestrante Trajano Figueiredo, que é cego, compartilhou situações do dia a dia, também explicou como se deve descrever pessoas e ambientes para uma pessoa com deficiência visual.

Na mesma linha, a advogada Dra. Amanda Raila reforçou a importância do respeito em pequenos gestos, como não ocupar vagas de estacionamento destinadas, banheiros adaptados e espaços reservados:

“Não existe manual pronto para atender uma pessoa com deficiência. A melhor forma é atender como se atende qualquer outra pessoa e respeitar o nosso espaço. Se a gente precisar de ajuda, não se preocupe, nós vamos dizer. ”

E foi direto ao ponto:

“Só queremos ser tratados como pessoas normais, sem dó, infantilidade ou atitudes invasivas.”

Os relatos sensibilizaram os presentes e trouxeram uma nova perspectiva sobre como pequenas mudanças de atitude podem transformar a experiência de quem busca atendimento público.

Quando a dor vira alerta e os desafios da acessibilidade em Anápolis

Nem só de histórias leves se fez o encontro. Servidores e especialistas também compartilharam dores e apontaram falhas ainda muito presentes no dia a dia. Uma servidora pública relatou com indignação:

“Já cheguei em uma escola onde o banheiro destinado a pessoas com deficiência era usado como depósito. ”

Situações como essa escancaram um problema ainda comum, a falta de acessibilidade real nos espaços públicos. Além das chamadas “deficiências invisíveis”, foram apontadas dificuldades em adquirir imóveis populares, muitas vezes estreitos e sem rampas de acesso, e a ausência de adaptações adequadas em prédios públicos e privados.

Esses relatos reforçaram a urgência de mudanças estruturais e culturais. Como lembrou a Dra. Amanda, inclusão não é sobre criar regras engessadas, mas sim sobre cultivar empatia e respeito genuíno:

“Se a gente quiser contar a nossa história, nós vamos fazer isso. Não há necessidade de perguntas invasivas.”

Autoridades reforçam compromisso com a inclusão

O evento também contou com a presença de autoridades locais que destacaram a relevância da iniciativa. O secretário de Indústria, Comércio e Agricultura de Anápolis, Kim Abrahão, ressaltou a responsabilidade dos servidores em garantir um atendimento de qualidade a todos. Já o secretário de Administração, Gestão de Pessoas e Inovação, Paulo Roberto Silva, pontuou a importância da capacitação contínua para a qualificação da mão de obra no setor público.

O vereador Reamilton Espíndola, conhecido como Reamilton do Autismo, participou como representante da Câmara Municipal e fez questão de enfatizar o impacto social da ação. Ele também falou sobre o projeto MEI Acessível, voltado para fortalecer a inclusão no empreendedorismo:

“É nosso dever trabalhar para que Anápolis avance cada vez mais no acolhimento e no respeito às diferenças. O MEI Acessível é um passo importante para tornar os atendimentos mais inclusivos.”

A força da Sala do Empreendedor

Um dos grandes destaques do evento foi o papel articulador do Sebrae Goiás, que assumiu a missão de dar visibilidade ao tema e reforçar o papel das Salas do Empreendedor como ponto de acolhida. Robson Tolentino, analista da entidade, lembrou que muitas pessoas com deficiência recorrem ao empreendedorismo como forma de garantir renda e autonomia.

“A Sala do Empreendedor é um espaço de acolhimento. Nosso papel é oferecer orientação prática e humanizada para que essas pessoas possam formalizar seus negócios e encontrar oportunidades reais no mercado”, afirmou.

Ao abrir as portas para esse público, o Sebrae cumpre um papel essencial: transformar a inclusão em prática cotidiana. Afinal, quando um atendimento é feito com respeito e empatia, o impacto vai muito além de um protocolo, ele pode ser decisivo para a vida de quem busca empreender.

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  • Redação Citizen

    Redação do Portal Citizen

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