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Minaçu vira referência mundial na produção de terras raras pesadas

Município goiano é o único fora da Ásia a extrair quatro elementos essenciais para tecnologias limpas

Quem passa pelas ruas de Minaçu talvez não imagine que, bem ali, em uma cidade que já foi símbolo da exploração de amianto, o Brasil esteja escrevendo um novo capítulo na geopolítica da energia. E não é exagero. É em Minaçu que a Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM) estão tirando do solo algo muito mais estratégico do que ouro ou petróleo: quatro dos elementos mais cobiçados na corrida por tecnologias limpas.

Desde janeiro de 2024, a empresa tem operado em escala comercial na extração de disprósio (Dy), térbio (Tb), neodímio (Nd) e praseodímio (Pr). Esses nomes complicados são, na verdade, o coração da inovação verde: estão presentes em motores de carros elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e até em equipamentos de defesa.

Não é pouca coisa. Segundo o Ministério de Minas e Energia, a SVPM é a única mineradora fora do continente asiático que conseguiu chegar a esse nível de produção. Isso coloca Minaçu – e o Brasil – em um lugar privilegiado na disputa por protagonismo na transição energética global.

Em números, o salto é expressivo: só em maio de 2025, Goiás exportou 60 toneladas de terras raras, movimentando quase US$ 1 milhão. E fevereiro já havia sido ainda mais robusto, com 419 toneladas vendidas ao exterior e receita de US$ 5,7 milhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

De cidade do amianto a capital da inovação mineral

Até pouco tempo, Minaçu era lembrada por sua ligação com o amianto, mineral banido no Brasil por seus riscos à saúde. O que parecia o fim da linha virou, na verdade, um ponto de virada. O solo da região guarda um tipo específico de depósito – as chamadas argilas iônicas – com alta concentração de terras raras pesadas, que são justamente as mais difíceis de encontrar e, por isso, mais valiosas.

Segundo o professor André Carlos Silva, da Universidade Federal de Catalão (UFCat), é isso que faz de Minaçu um caso único. “A maioria das jazidas brasileiras tem elementos leves. O diferencial da Serra Verde é justamente os pesados, como o disprósio e o térbio.”

Além da relevância global, a produção movimenta a economia da própria cidade. Cerca de 400 trabalhadores estão empregados na operação — e mais de 70% deles são moradores de Minaçu. Ou seja: o avanço tecnológico vem junto com emprego e renda para a comunidade.

Futuro verde com sotaque goiano

Com essa operação, Minaçu entra em definitivo no radar das grandes potências tecnológicas. E o Brasil, por sua vez, começa a ocupar uma cadeira mais estratégica nas decisões sobre o futuro da energia. Se depender do que vem do solo goiano, essa transição será não só verde, mas também mais brasileira.

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  • Redação Citizen

    Redação do Portal Citizen

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