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Febre nas redes e nas feiras

O morango do amor que virou paixão nacional

Com brigadeiro branco e casquinha de caramelo crocante, o doce feito por uma psicóloga que virou confeiteira já bateu recordes de vendas e conquistou milhares de corações graças a um vídeo viral

Por, Adrianne Vitoreli, de Goiânia

Morangos frescos envoltos por brigadeiro branco e uma fina camada de caramelo vermelho brilhante, com a casquinha crocante ao redor da fruta. Não tem para ninguém. O doce da vez é o morango do amor. E bastou um vídeo postado nas redes sociais pelo irmão Eliezer Lima, para que Sara Lima aumentasse 400% a receita da empresa Santa Bala, em Goiânia, nos últimos três meses.

Atendida desde o início da empresa pelo Sebrae Goiás, Sara conta que a sobremesa existe há décadas, mas foi o vídeo que despertou sensorialmente os consumidores para o produto que atualmente tem maior produção na empresa. Ela explica que desde o início de 2024 a Santa Bala produz o Morango do Amor e desde o primeiro dia não saiu mais do cardápio.

“Não foi a Santa Bala que criou o Morango do Amor, mas fomos nós e meu irmão Eliezer Lima que levamos visibilidade nacional a essa delícia que é um sucesso certeiro”, afirma.

Na última quarta-feira, 30, a empresária e outros sete colaboradores, entre fixos e Free Lancer, bateram o recorde de produção, 1.500 morangos do amor feitos em um dia. Nas semanas anteriores, foram produzidos cerca de 800 doces em três dias da semana, uma média de 2.600 guloseimas semanais para atender a demanda. A produção é comercializada na feira da Praça do Avião (Setor Aeroporto), às quartas-feiras, nas quintas-feiras, no Opus Bueno (Setor Bueno) e, nas sextas-feiras, as vendas são pelo IFood, 99food e para retirada. O doce varia de preço conforme o tamanho, de R$ 12,50 a R$ 15,00.

De acordo com Sara, a produção é 95% artesanal. “O único maquinário que utilizamos são as panelas mexedoras que têm capacidade para fazer várias receitas de brigadeiro de uma só vez. O restante do processo é todo manual”, ressalta.

O Morango do Amor é feito por etapas. Primeiro a separação dos morangos por tamanho; higienização de cada um adequadamente, seguindo as instruções do Ministério da Saúde; fixação nos palitos; pesar no padrão cada porção de brigadeiro; envolver o brigadeiro no morango; caramelizá-lo e por fim colocar na embalagem. Quando pergunto se a receita tem algum segredo, a empresária confirma.

“Claro que tem e a receita de hoje não é a mesma que busquei na internet no início. Depois disso fiz cursos de doces caramelizados e alterei um pouco a receita conforme fui trabalhando. O mais difícil, com certeza é o caramelo, que precisa ter o ponto para não grudar no dente e garantir que ele quebre, proporcionando prazer aos adoradores do doce”, esclareceu.

Na esteira dessa febre gastronômica, o Morango do Amor está nas redes sociais com relatos de busca insana pelo queridinho do momento, outros na tentativa de acertar na receita e nas mãos de confeiteiras que resolveram apostar na venda sobremesa em pontos de venda Brasil afora. Muitas empresas têm surfado nessa onda, mas com talento e estratégia a dona da Santa Bala aguçou o desejo coletivo com um doce esteticamente bonito, com fruta fresca e casquinha crocante que se tornou uma fonte de renda e inspiração. E pasmem, a confeitaria Santa Bala surgiu de forma totalmente inesperada.

Psicóloga por formação e com especialização em Urgência e Trauma, a empreendedora veio de Fernandópolis, interior de São Paulo, para fazer residência em um grande hospital goiano. Para uma festa junina do grupo, fez balas baianas (de coco envolta em caramelo). As pessoas gostaram tanto que as amigas incentivaram Sara a produzir para venda.

“Foi o melhor por acaso da minha vida”, afirma a psicóloga, que passou a vender nossos doces caramelizados no hospital.

Nesse período precisou conciliar as 60 horas semanais de trabalho como psicóloga emergencista com mais horas e horas na madrugada e fim de semana para a produção dos doces. Quando a residência da especialização terminou, Sara passou a se dedicar 100% na Santa Bala, especializada em doces caramelizados.

Saúde Financeira

Mas, como toda tendência que explode, o sucesso exige mais do que sabor. Segundo Larissa Nunes, analista de atendimento do Sebrae Goiás, o negócio exige visão, cuidado com os custos e muita criatividade para se destacar.

“O preço da fruta, a sazonalidade dos insumos e a alta concorrência podem se tornar obstáculos para quem decide mergulhar de cabeça no negócio. Por isso, o ideal é o ajuste da precificação com cuidado e estratégia, para manter a margem de lucro e garantir que o sucesso nas vendas se reflita também na saúde financeira do negócio”, analisa Larissa.

Por outro lado, a analista explica que que o apelo emocional, a estética atrativa e o potencial para personalização fazem do doce uma porta de entrada para empreendedores que querem conquistar o público com uma proposta doce e afetiva. “Para quem já empreende no ramo de doces ou confeitaria, é uma ótima oportunidade de atrair clientes, inovar no cardápio e até gerar uma renda extra. Mas é importante ter alguns cuidados, porque toda tendência muito rápida também pode ser passageira, como por exemplo, o boom das paletas mexicanas, os sorvetes no palito recheados, bolo no pote, entre outros”, exemplificou.

Outro cuidado importante, destaca Larissa, é com o estoque. Na empolgação, o empreendedor pode comprar grandes quantidades de itens da receita, com aposta em uma demanda alta, o que pode não se concretizar e o estoque virar prejuízo. “O mais indicado é testar, sentir o ritmo das vendas e trabalhar com planejamento”, afirma. Para aproveitar esse boom da melhor forma, a dica da analista do Sebrae Goiás é usar o Morango do Amor como uma vitrine para o negócio.

“Caprichar na apresentação, divulgar nas redes sociais com boas fotos e vídeos desde o preparo e aproveitar para apresentar também outros produtos do cardápio. Muita gente vai procurar o morango, mas pode se encantar com outros doces. Isso vale tanto pra lojas físicas quanto para quem vende pelas plataformas de delivery como iFood, Rappi, Uber Eats e outras. O mais importante é lembrar que, mais do que seguir uma moda, o ideal é usar esse momento para fortalecer a marca, conquistar novos clientes e mostrar o diferencial do negócio”, enfatizou Larissa.

Conforme a analista, o empreendedor não precisa se sentir pressionado a entrar nessa tendência. Nem todo negócio está no momento certo para lançar um novo produto. Às vezes, falta estrutura, tempo, capacidade produtiva ou até mesmo fluxo de caixa para fazer esse investimento com segurança. Forçar a barra pode comprometer a qualidade, a gestão e até a imagem do negócio.

“O mais estratégico, nesses casos, pode ser usar a visibilidade do Morango do Amor como gancho para divulgar outros produtos já consolidados, ou até criar alternativas que ofereçam uma experiência parecida, mas com a identidade do próprio negócio. E se precisar de apoio, o Sebrae Goiás atua como parceiro estratégico, oferece orientação e apoio para que ideias como essa se transformem em oportunidades reais, com planejamento, inovação e sustentabilidade”, frisou Larissa.

E a proprietária da Santa Bala está no caminho certo. Quando questionada o que fará se o Morango do Amor for só uma febre, a empresária respondeu que está em fase final a construção da loja física e que o cardápio da empresa conta com mais de 20 itens de doces caramelizados.

“Possuo e atendo diversos públicos, como eventos corporativos, festas de casamento, aniversários entre outras comemorações. Então, se diminuir a busca pelo Morango do Amor, meu rendimento pode até reduzir, mas o meu negócio está garantido por conta da diversidade de canal de vendas, de público e de produtos oferecidos.”

Instagram Santa Bala: @santabala.go

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  • Redação Citizen

    Redação do Portal Citizen

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