Economia & Inovação
Pix é exemplo global e pode ser o futuro do dinheiro, diz Paul Krugman
Prêmio Nobel afirma que sistema brasileiro supera criptomoedas e inspira modelo para inclusão financeira

Enquanto os Estados Unidos travam uma guerra ideológica contra moedas digitais centralizadas, o Brasil parece já ter encontrado, discretamente, um caminho mais eficiente, seguro e democrático para o dinheiro do futuro. E quem diz isso não é qualquer um. Paul Krugman, Prêmio Nobel de Economia, escreveu em seu artigo mais recente que o Pix talvez seja o maior avanço financeiro do planeta na última década.
No texto publicado nesta terça-feira (22), Krugman não economiza elogios: o economista afirma que o Pix faz hoje o que os defensores das criptomoedas prometeram, mas nunca entregaram — baixo custo de transação, segurança e inclusão financeira real. Ele compara diretamente o sistema brasileiro ao Zelle, um aplicativo de pagamentos popular nos EUA, mas destaca que o Pix é mais simples, mais acessível e já faz parte da rotina de 93% da população adulta do país.
Krugman reconhece que pouca gente vê o Brasil como um laboratório de inovação tecnológica. Mas, nesse caso, o país saiu na frente. Criado pelo Banco Central em 2020, o Pix virou um instrumento de mobilidade econômica, especialmente para as classes mais baixas. Foi um salto: deixou o sistema financeiro menos dependente dos grandes bancos e aproximou o cidadão comum dos serviços digitais sem cobrar nada por isso.
“Sabemos que uma CBDC parcial é possível porque o Brasil já fez isso”, escreveu o economista. E ele está certo. O sucesso do Pix já é considerado o primeiro passo para a criação do Real Digital, a moeda digital brasileira, que deve ter sua primeira versão oficial testada ainda neste ano.
Do outro lado do continente, o cenário é bem diferente. Os EUA aprovaram uma lei que impede a criação de uma moeda digital centralizada e investem agora no Genius Act — legislação voltada para criptomoedas que Krugman chamou de “porta aberta para fraudes e crises”.
O Nobel critica o lobby bancário e os republicanos, que alegam preocupações com privacidade para barrar uma CBDC. Mas, segundo ele, o receio real é outro: que o cidadão americano abandone os bancos privados se tiver acesso a um sistema digital estatal — como o Pix.
Krugman vai além ao dizer que o Pix oferece o que nenhuma blockchain conseguiu entregar. Além de ser praticamente instantâneo, o sistema não traz riscos de sequestros nem fraudes elaboradas com senhas privadas — algo comum no mundo cripto.
Ele termina o artigo com um elogio que soa quase como um alerta aos EUA: “O Brasil pode ter inventado o futuro do dinheiro. Já os americanos… devem continuar presos às suas fantasias cripto”.