Crise Comercial
Tarifa de 50% dos EUA entra na reta final e Brasil corre contra o tempo
Sem acesso direto à Casa Branca, governo aposta em missão de senadores e ajuda do setor privado para tentar adiar medida

Faltando sete dias, pressão aumenta e diálogo com EUA segue travado
A uma semana de a tarifa de 50% imposta por Donald Trump entrar em vigor sobre produtos brasileiros, o governo ainda tenta ganhar tempo. Mas sem diálogo direto com a Casa Branca, as chances de um acordo definitivo parecem cada vez mais remotas.
A única conversa de alto nível até agora foi entre o vice-presidente Geraldo Alckmin e o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick — um telefonema de 50 minutos que não rendeu detalhes nem avanços concretos. Enquanto isso, técnicos da Fazenda admitem que a comunicação com Washington está bloqueada.
A expectativa da equipe econômica é pedir um prazo extra de 60 a 90 dias para adiar o início da tarifa, usando como argumento contratos já em curso e mercadorias a caminho dos EUA. Mas mesmo isso parece difícil de conseguir.
Setor privado assume protagonismo
Sem acesso ao governo Trump e com a relação desgastada pelo bolsonarismo, Brasília agora aposta na articulação do setor privado. Mais de 100 empresários participaram de reuniões com o governo e articulam caravanas independentes aos EUA.
Nesta sexta (25), senadores embarcam para tentar abrir espaço com congressistas americanos influentes. A missão oficial tenta preencher o vácuo diplomático e abrir caminhos que o Planalto, até agora, não conseguiu trilhar.
Minerais podem ser exceção
No meio da tensão, um sopro de otimismo vem do setor mineral. Representantes do governo americano procuraram o Brasil para discutir um possível acordo específico sobre minerais críticos, fundamentais para a indústria de tecnologia.
O tema virou prioridade estratégica para os EUA, que querem reduzir a dependência da China. E pode ser o ponto de respiro que faltava ao Brasil numa negociação travada por política, falta de acesso e relógio correndo.