Nova Fronteira
Uso de drones por facções expõe nova fase dos confrontos urbanos no Rio
Especialistas apontam mudança no tipo de enfrentamento entre o Estado e o crime organizado após operação que registrou uso inédito de drones armados
 
						O uso de drones armados por integrantes do Comando Vermelho durante a Operação Contenção, no Rio de Janeiro, reacendeu o debate sobre o avanço tecnológico no crime organizado e seus reflexos na segurança pública. O episódio, registrado na última terça-feira, marcou o que especialistas consideram uma nova etapa dos confrontos urbanos no país.
De acordo com o pesquisador do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Roberto Uchôa, o fato sinaliza que o Estado já não detém o controle total do espaço aéreo urbano.
“O campo de batalha mudou, agora vai se disputar o céu”, afirmou.
Uchôa destaca que o acesso facilitado a drones, fabricados em sua maioria na China e vendidos livremente, permitiu que grupos criminosos incorporassem o equipamento a estratégias de ataque e defesa.
As forças de segurança confirmaram que durante a operação, nas comunidades do Alemão e da Penha, drones lançaram artefatos explosivos sobre as equipes policiais. A ação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes e resultou em mais de 120 mortes, incluindo quatro policiais, 117 civis, além de 113 prisões.
Para o pesquisador, o episódio representa um novo desafio operacional. Ele observa que tecnologias de interferência em drones ainda são limitadas e que, em áreas densamente povoadas, qualquer tentativa de neutralização pode gerar riscos adicionais.
Organizações de direitos humanos criticaram a operação, classificando-a como excessivamente letal, enquanto o governo estadual afirmou que o uso dos equipamentos demonstra o nível de sofisticação do crime. A discussão agora se volta para o equilíbrio entre o combate à criminalidade e o investimento em inteligência tecnológica para evitar que o espaço aéreo urbano se torne um novo campo de disputa.
- Com informações da BBC News
 
				



