
Campinas, o bairro que pulsa tradição em meio à correria de Goiânia, completa 215 anos nesta terça-feira (8). Quem passa hoje pelas ruas cheias de comércio talvez não imagine que ali já foi um município independente, com sua própria vida política, econômica e cultural, muito antes de surgir a idéia de uma nova capital para Goiás.
Fundada como arraial em 1810, virou vila em 1907 e chegou à condição de município em 1914. Mas tudo mudou com a chegada do projeto de Pedro Ludovico Teixeira: Campinas foi escolhida como o ponto de partida para construir Goiânia. A localização privilegiada, o solo fértil e as matas da região convenceram os engenheiros e urbanistas de que ali era o lugar certo.
Foi um recomeço, mas também um rompimento. Casas foram cedidas, ruas abertas, a Vila Operária nasceu, e junto com ela, vieram milhares de migrantes sem garantias trabalhistas, numa época em que nem salário mínimo era direito garantido. A convivência entre campineiros, migrantes e políticos deu início a uma nova cidade, cheia de contrastes.
Com o tempo, Campinas perdeu sua autonomia e também parte da sua estrutura. O coreto da Praça Joaquim Lúcio, por exemplo, virou símbolo dessa tensão entre tradição e modernidade. Ele foi redesenhado em estilo art déco nos anos 1940, mas décadas depois voltou ao formato original, um gesto da comunidade para retomar sua memória.
Hoje, mesmo integrado à capital, Campinas resiste. Ainda é centro comercial forte, mas carrega no peito a história de um povo que ajudou a construir Goiás com fé, suor e pertencimento. E que ainda pede, com justiça, para ser lembrado não só pelo comércio, mas pela sua história viva.