
Destituição relâmpago em cenário explosivo
Em uma madrugada tensa, o Congresso do Peru destituiu a presidente Dina Boluarte por “incapacidade moral permanente”, após semanas de escalada da violência urbana. A votação foi unânime: 118 votos a favor, nenhum contra. A mandatária se recusou a comparecer à sessão, chamando o processo de “inconstitucional”.
A decisão foi tomada no rastro do ataque armado à banda de cúmbia Agua Marina, em um show no Círculo Militar de Chorrillos, em Lima, onde músicos foram baleados em pleno palco. O atentado foi atribuído a gangues de extorsão, que têm espalhado medo pelo país.
Crime em alta e sucessão imediata
Com o país mergulhado na insegurança, José Jerí, então chefe do Congresso, assumiu o cargo interinamente. Em sua primeira fala como presidente, foi direto:
“Devemos declarar guerra ao crime. Os inimigos são as quadrilhas nas ruas”.
A destituição de Boluarte ocorreu com apoio de bancadas de direita e do fujimorismo, que antes sustentavam seu governo. Desta vez, até aliados romperam, cobrando respostas duras ao crime organizado.
Violência como catalisador político
O estopim foi a ação criminosa contra a Agua Marina. Tiros interromperam o show, ferindo quatro integrantes. O público, em pânico, se jogou no chão. A polícia confirmou o uso de pistolas 9 mm e iniciou uma megaoperação para capturar os responsáveis. O ataque expôs o avanço das quadrilhas e a falência do controle estatal.
Com seis presidentes afastados ou presos desde 2018, o Peru volta a viver uma transição turbulenta. A posse oficial de Jerí está marcada para 28 de julho de 2026, mas até lá, a prioridade será conter o caos urbano e restaurar a confiança popular — tarefa cada vez mais difícil em solo andino.