Alerta Fiscal
FMI reduz tom, mas projeta nova explosão da dívida brasileira em 2026
Relatório vê alívio no curto prazo, mas aponta risco de recorde histórico até o fim da década
O recado do Fundo Monetário Internacional veio com nuances, mas é difícil ignorar o que está por trás dos números. No Monitor Fiscal divulgado em Washington, o FMI até suavizou a previsão de dívida bruta brasileira para 2026 — agora em 95% do PIB — mas deixou claro que o risco de uma escalada perigosa continua firme, especialmente com a chegada das eleições presidenciais.
Neste ano, o índice deve fechar em 91,4%, acima dos 87,3% de 2024. Mesmo com uma leve melhora nas projeções, o Brasil caminha para alcançar, mais uma vez, o maior patamar de endividamento desde a pandemia. E se nada mudar até lá, 2030 pode marcar um novo recorde: 98,1%.
O Fundo também apontou uma deterioração de mais de 11 pontos percentuais no governo Lula 3, embora abaixo dos 12 pp previstos anteriormente. Na prática, a percepção global é de que o País ainda falha em sinalizar consistência fiscal.
Sobre o déficit primário, o FMI mantém previsão de 0,6% do PIB para este ano — o dobro do estimado para 2024. A meta de déficit zero proposta pelo governo parece cada vez mais distante, ainda mais após o Congresso enterrar a MP que ampliaria o IOF. O ministro Fernando Haddad, que cancelou ida ao evento em Washington, segue pressionado.
O alerta foi dado. E não só em números, mas em credibilidade.



