
Presença de substância potencialmente cancerígena em peixes de Goiás preocupa autoridades ambientais
Pesquisadores do projeto AquaCerrado detectaram uma concentração alarmante da substância acrilamida em peixes coletados na Bacia do Rio Paranaíba, região de Bela Vista de Goiás. Em um dos animais, o índice registrado foi de 4,22 miligramas por litro — cerca de 8.400 vezes superior ao que é considerado seguro segundo parâmetros do Ministério da Saúde.
Embora não tenha sido encontrada em níveis relevantes na água, a substância parece estar se acumulando nos organismos dos peixes, indicando exposição contínua. As amostras foram coletadas em sete pontos diferentes do Córrego Sussuapara, nas proximidades da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Saneago.
A acrilamida é usada na produção de poliacrilamida, empregada em processos de purificação de água e também presente em produtos industriais como cosméticos, papel e colas. Apesar de ainda não integrar a Lista Nacional de Agentes Cancerígenos para Humanos (Linach), estudos indicam que ela pode causar mutações genéticas e contribuir para o desenvolvimento de câncer.
A Saneago negou o uso da substância no tratamento realizado pela ETE de Bela Vista, alegando que o processo é natural, feito por lagoas de estabilização. Mesmo assim, a empresa foi multada em R$ 2,7 milhões pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Semad), após inspeção constatar o lançamento de efluente tratado fora dos padrões ambientais.
A Semad agora analisa a contratação de um estudo mais amplo, com laboratório credenciado, para investigar com mais profundidade a origem da contaminação. Enquanto isso, o alerta está lançado: a saúde dos ecossistemas e da população ribeirinha está em risco.