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Encontro Histórico

Rei Charles III reza ao lado do Papa pela primeira vez em 500 anos

Cerimônia ecumênica no Vaticano marcou um gesto inédito de união espiritual entre a Igreja Anglicana e a Igreja Católica

Um gesto que entra para a história

Pela primeira vez em quase meio milênio, o rei da Inglaterra se ajoelhou ao lado de um papa para rezar. O encontro entre Charles III e o Papa Leão XIV no Vaticano quebrou uma tradição iniciada há quase 500 anos, desde a ruptura entre Roma e a coroa britânica. O gesto, que emocionou fiéis dos dois lados, foi mais do que simbólico — representou um aceno de diálogo e respeito entre duas igrejas que há séculos caminham separadas.

A cerimônia ecumênica teve como tema a proteção do meio ambiente, causa que o monarca britânico defende desde sua juventude. Sob os afrescos de Michelangelo, os corais da Capela Sistina e da Capela de São Jorge, de Windsor, cantaram juntos, em uma harmonia inédita e carregada de significado.

Honrarias e comunhão espiritual

Durante o evento, Charles III foi nomeado “Confrade Real” na Basílica de São Paulo Extramuros, um título honorário concedido em reconhecimento à sua contribuição para o diálogo inter-religioso. Em troca, o rei concedeu ao papa o título de “Confrade Papal da Capela de São Jorge”, reforçando o tom de reconciliação entre as duas tradições cristãs.

Para o professor William Gibson, da Universidade de Oxford, o momento é “histórico e profundamente simbólico”. Ele lembrou que de 1536 a 1914 não houve relações diplomáticas entre o Reino Unido e a Santa Sé, resultado direto da separação promovida por Henrique VIII.

Entenda o rompimento de 1534

O Cisma Anglicano nasceu quando o rei Henrique VIII decidiu romper com a Igreja Católica após o papa Clemente VII negar o pedido de anulação de seu casamento com Catarina de Aragão. Em 1534, o Parlamento inglês aprovou o Ato de Supremacia, tornando o rei “chefe supremo da Igreja da Inglaterra” e excluindo o papa da vida religiosa britânica.

Apesar de o novo monarca manter a doutrina católica quase intacta, o gesto abriu caminho para a criação de uma igreja nacional. Só anos depois, sob Elizabeth I, o anglicanismo se consolidou como uma fé própria, unindo rituais católicos e teologia protestante.

Um novo capítulo entre Roma e Londres

Quase cinco séculos após aquele rompimento, Charles III parece ter aberto um novo capítulo na história das relações entre as duas igrejas. Em tempos de divisões, o gesto do rei foi visto como um ato de fé, humildade e diálogo, que ultrapassa fronteiras religiosas e fala diretamente ao coração do mundo cristão

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  • Redação Citizen

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