
Mudança de tom revela clima tenso entre Senado e STF
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), cedeu à pressão. Após dias de ocupação simbólica da mesa diretora e muita cobrança por parte da oposição, ele admitiu nesta sexta-feira (8) que pode, sim, analisar o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
A proposta já conta com as 41 assinaturas exigidas para ser protocolada, conforme confirmou o senador Rogério Marinho (PL-RN). O movimento, articulado pela oposição, expõe o desgaste na relação entre o Legislativo e o Judiciário, que se intensificou após sanções internacionais contra o Brasil envolvendo decisões judiciais atribuídas a Moraes.
Em entrevista ao G1, Alcolumbre sinalizou uma mudança de discurso. “Não estamos diante de uma questão meramente numérica”, disse, ao classificar o pedido como de natureza jurídico-política.
Segundo ele, será necessário avaliar se há justa causa, provas consistentes, adequação legal e viabilidade institucional.
Mesmo assim, o senador manteve o controle do processo: “A decisão cabe ao presidente do Senado, no exercício de suas prerrogativas constitucionais”.
E, apesar da pressão, reforçou que qualquer pedido será analisado com “seriedade e responsabilidade”.
Para a oposição, o recuo de Alcolumbre já é uma vitória. Eles consideram que o apoio de 41 parlamentares, mesmo num Senado majoritariamente governista, demonstra que há espaço para avançar com o debate. Nos bastidores, o clima é de cautela. Mas a temperatura política subiu – e o desgaste institucional, ao que tudo indica, está longe do fim.