Inovação em foco
Anápolis recebe etapa da Jornada Nacional para debater transição ecológica e digital
Evento realizado pelo Sebrae e CNI reuniu empresários, startups e instituições para discutir os rumos da indústria goiana rumo à sustentabilidade e à transformação digital

Nesta quinta-feira, 18, a Faculdade de Tecnologia Senai Roberto Mange, em Anápolis, recebeu um encontro que promete influenciar os rumos da indústria goiana. Trata-se da Jornada Nacional de Inovação da Indústria, iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Sebrae Nacional.
Mais do que um debate teórico, a programação foi marcada por falas inspiradoras, painéis que escancararam desafios reais e workshops voltados à prática.
“Quando falamos de inovação e trazemos exemplos práticos para o empreendedor, fica mais fácil implantar essa cultura nas empresas”, destacou Sérgio Monturil, gerente do Sebrae Goiás na Regional Centro-Leste, na abertura oficial do evento.
Ele lembrou ainda da importância das startups para dinamizar o ecossistema local e do apoio que o Sebrae oferece com programas como o Brasil Mais Produtivo.
Em Goiás, a Jornada tem a correalização da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Pacto Goiás pela Inovação, Sebrae Startups, Ecossistema de Inovação, Fieg Regional Anápolis, Faculdade Senai Roberto Mange e IEL Goiás. O evento trouxe para o centro da discussão dois temas decisivos: a transição ecológica e a digital.
Um olhar sobre os desafios reais da indústria
Os painéis mediados por Márcio Guerra, superintendente do Observatório Nacional da Indústria da CNI, revelaram de forma contundente as dificuldades enfrentadas por empresários e pesquisadores. Entre as principais queixas estavam a burocracia para registro de patentes, a defasagem no valor das bolsas de doutorado e o gargalo regulatório que emperra a inovação.
“Aqui no Brasil, os doutorandos precisam complementar a renda com aulas, pois o valor das bolsas não é suficiente. Isso atrasa e desestimula a pesquisa”, apontou um dos debatedores.
Houve também consenso de que o Estado precisa estar mais próximo de quem produz, dialogando mais e não dificultando a vida do empreendedor.
Luciano Lacerda, presidente do Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Fieg, também participou das falas iniciais, destacando que a Jornada vai além do presente: “Precisamos nos preparar para montar nossa agenda no próximo ano e a Jornada vai contribuir muito para isso. Queremos levar as pautas locais para os candidatos nas eleições de 2026”.
O papel dos pequenos negócios na inovação
Se engana quem pensa que apenas grandes indústrias têm lugar nesse debate. Juliana Borges, analista de competitividade do Sebrae Nacional, que marcou presença, reforçou que os pequenos negócios ocupam posição estratégica nesse processo:
“Eles têm duas perspectivas nessa jornada. Podem ser elementos na inovação aberta das grandes cadeias de valor e também demandar inovações específicas. Essa possibilidade dupla amplia os benefícios de estarem inseridos no ecossistema”.
Para ela, a transição verde e o uso de energias renováveis são temas que precisam chegar também às micro e pequenas empresas. “É através da inovação que vamos conseguir fazer esse caminho”, concluiu.
Startups e ecossistema local
Na mesma linha está André Villela Ribeiro, gestor de programas voltados à inovação e startups no Sebrae Goiás, que também prestigiou a etapa de Anápolis. Ele lembrou que o grande objetivo da Jornada é inverter a lógica de Brasília distante da realidade.
“É sair daquele mundo que está longe do dia a dia do empresário para resgatar a real dor. O que está realmente pegando na ponta final do negócio”, ressaltou.
Villela destacou ainda o papel do Sebrae em apoiar startups em diferentes estágios de maturidade: da ideia inicial até programas de capital empreendedor.
“Muita gente não sabe, mas existem recursos que o Sebrae ajuda a acessar. Às vezes, conseguimos custear até um terço do investimento necessário”, explicou.
Esse olhar atento às novas empresas foi reforçado também nos workshops realizados à tarde, quando os participantes puderam se aprofundar em temas como fomento à inovação e gestão de processos, dados e propriedade intelectual. A interação mostrou, na prática, como a troca de experiências pode transformar o ambiente de negócios.
Inovação plural e conectada ao futuro
Além de Monturil, nas falas locais da abertura da Jornada se destacaram a do empresário Wilson de Oliveira, presidente da Regional Anápolis da Fieg. Ele ressaltou a necessidade de inovação para fortalecer a competitividade da indústria. Já Misclay Marjorie Correia da Silva, diretora da Faculdade Senai Roberto Mange e anfitriã da Jornada, chamou atenção para a pluralidade: “A inovação precisa ser inclusiva. É papel do ensino garantir que o ecossistema abrace diferentes olhares”.
Para o Sebrae Goiás, o evento foi uma oportunidade de reafirmar sua missão de aproximar empreendedores das tendências globais.
“O movimento não para por aqui. Queremos que os micro e pequenos empresários de Goiás estejam preparados para a transição digital e ecológica que já está em andamento”, resumiu o gerente da Regional Centro-Leste.