O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, fez um apelo contundente nesta quinta-feira (30): “Os testes nucleares jamais podem ser permitidos”. A declaração veio em resposta ao anúncio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que afirmou que o país pretende retomar seus testes atômicos após mais de 30 anos de interrupção.

Em pronunciamento lido por seu porta-voz adjunto, Farhan Haq, durante coletiva de imprensa em Nova York, Guterres alertou para o risco crescente de um novo ciclo de tensão nuclear.

“Os riscos já são preocupantemente elevados, e qualquer ação que possa provocar erros de cálculo ou uma escalada com consequências catastróficas deve ser evitada”, afirmou.

Trump publicou a decisão em sua rede Truth Social enquanto viajava para se encontrar com o líder chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul. Na mensagem, o presidente americano disse ter instruído o Pentágono a realizar testes “em igualdade de condições” com outras potências, citando Rússia e China como concorrentes diretos na corrida armamentista.

O anúncio acendeu alertas em todo o mundo. Xi Jinping, que duplicou o arsenal nuclear chinês nos últimos cinco anos, e Vladimir Putin, que recentemente testou novas armas nucleares, foram diretamente mencionados por Trump.

Guterres lembrou ainda o “legado desastroso” deixado por mais de 2.000 testes nucleares realizados nos últimos 80 anos, reiterando que qualquer nova detonação representaria um retrocesso perigoso. Para a ONU, reviver a era dos testes seria reabrir uma ferida que o mundo lutou décadas para cicatrizar.