O tabuleiro da geopolítica global ganhou novo movimento nesta semana. Goiás, dono de 25% das reservas mundiais de terras raras, deu um passo ousado ao firmar entendimento com o governo do Japão para explorar e refinar, em solo goiano, esses minerais estratégicos. A missão diplomática japonesa foi recebida pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e percorreu, nesta sexta (29), as unidades da Serra Verde, em Minaçu, e da chilena Aclara Resources, em Aparecida de Goiânia.

Mais do que uma visita de cortesia, o encontro selou uma intenção firme de cooperação bilateral. O embaixador Teiji Hayashi deixou claro: o Japão quer Goiás como parceiro de confiança para suprir a indústria tecnológica com elementos como neodímio e térbio, indispensáveis para motores elétricos, baterias e turbinas.

O acordo chega em um momento estratégico. Caiado quer virar a chave da dependência: deixar de ser mero exportador de concentrados e atrair fábricas para refino e separação dos óxidos no próprio estado. A criação da Autoridade Estadual de Minerais Críticos (Amic-GO) e do Fundo de Desenvolvimento do setor consolida esse plano ambicioso.

Com capacidade para liberar licenças em até três meses e infraestrutura operacional já ativa, Goiás se apresenta como alternativa concreta à hegemonia chinesa no refino desses minerais. Para o Japão, é uma chance de garantir fornecimento seguro. Para Goiás, é a oportunidade de entrar de vez na era da indústria limpa, com empregos qualificados, tecnologia e protagonismo no cenário internacional.