María Corina Machado, recém‑laureada com o Nobel da Paz, reafirmou em entrevista à AFP que Nicolás Maduro deixará o poder — por via negociada ou não. Três dias depois de receber o prêmio, que dedicou ao “povo venezuelano” e ao presidente dos EUA, Donald Trump, a opositora fez um discurso duro e direto: se Maduro insistir em usar mais força, “as consequências serão de sua responsabilidade direta”.

A líder afirmou que a mobilização militar norte‑americana no Caribe, vista por Caracas como intimidação, é, para Washington, uma ação contra narcotráfico. Machado endossou as manobras e evitou falar em invasão, invertendo o foco:

“A invasão que existe aqui é a dos cubanos, russos, iranianos…”, acusou em chamada de vídeo, e pediu a desarticulação das redes que, segundo ela, saqueiam a Venezuela.

Questionada sobre uma saída negociada, disse haver oferta de garantias — mantidas em sigilo até uma mesa de diálogo —, mas garantiu que, mesmo sem negociação formal, Maduro está “encurralado” e cairá. Reforçou ainda a acusação de fraude nas eleições de 28 de julho de 2024, apontando Edmundo González Urrutia como “o verdadeiro vencedor”.

Machado, que vive na clandestinidade há mais de um ano, descreveu o Nobel como “uma injeção de ânimo” e afirmou manter comunicação fluida com Washington e governos da América Latina e Europa — além de contatos crescentes com setores militares. Sobre possíveis ações futuras, preferiu não especular:

“Civis, militares, todos temos um papel. Qualquer ação que respeite as eleições seria a restauração da Constituição.”

A fala tem tom de desafio e urgência. Para muitos venezuelanos, o prêmio e a retórica reacendem esperança; para outros, ampliam a tensão numa região já atenta aos movimentos de forças e à retórica beligerante entre Caracas e aliados internacionais.