Custo Absurdo
Netflix expõe o peso da Cide e a dificuldade de investir no Brasil
Tributo sobre remessas ao exterior virou um desafio bilionário para a empresa e mostra as dores do sistema tributário nacional
O mês passado não foi nada fácil para a Netflix no Brasil. O CEO da empresa, Spencer Newman, revelou que uma disputa tributária de US$ 619 milhões derrubou as margens de lucro da gigante do streaming. E ele resumiu com aquela ironia que a gente adora:
“Não é Imposto de Renda, é o custo de fazer negócios no Brasil”.
O principal responsável por essa dor de cabeça é a Cide, a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico. Na teoria, ela deveria financiar ciência, tecnologia e políticas públicas. Na prática, acabou virando mais um tributo pesado sobre remessas ao exterior de royalties e serviços técnicos, com alíquota de 10%. E a coisa piorou: o STJ decidiu em 2025 que a cobrança vale para ainda mais tipos de serviços, mesmo sem transferência direta de tecnologia. Resultado: empresas estrangeiras e investidores enfrentam insegurança jurídica e custos inesperados.
No programa Não vou passar raiva sozinha, a Duquesa de Tax, Maria Carolina Gontijo, comenta justamente como impostos assim — criados com objetivos nobres — acabam sendo um pesadelo operacional. Ela faz análises semanais do noticiário econômico e explica, de forma bem clara, que o problema não é só pagar imposto, mas a imprevisibilidade de regras que mudam com frequência.
Para quem acompanha economia e negócios, o caso Netflix é um alerta. Ele mostra que investir no Brasil exige planejamento cuidadoso e paciência, porque nem sempre as regras são claras ou estáveis. E mais: mesmo grandes empresas, com equipes inteiras de contabilidade e jurídico, sentem o peso dessa complexidade.
A discussão sobre tributos como a Cide provavelmente vai continuar, e todos os olhos do mercado estão atentos. No fim das contas, o episódio reforça algo que brasileiros já sabem bem: fazer negócios por aqui não é fácil, e cada imposto extra pode ser uma verdadeira dor de cabeça.



