
A menos de quatro meses da COP30, os países amazônicos ainda não falaram a mesma língua quando o assunto é compromisso climático. A promessa de revisar metas a cada cinco anos — firmada no Acordo de Paris — acabou vencendo o prazo em fevereiro deste ano, mas só Brasil e Equador conseguiram cumprir o combinado.
O Brasil chegou primeiro. Em novembro passado, durante a COP29, em Baku, a comitiva do vice-presidente Geraldo Alckmin entregou à ONU sua nova NDC. O país agora promete cortar entre 59% e 67% das emissões líquidas até 2035. Já o Equador fez uma aposta mais tímida: corte incondicional de 7% até 2035, com mais 8% dependendo de apoio financeiro externo.
Enquanto isso, países como Colômbia, Bolívia e Peru ainda não apresentaram metas revistas. A pressão recai principalmente sobre a Colômbia, que corre o risco de ser excluída do relatório de síntese global da ONU. Esse documento é peça-chave para as negociações da COP30, que acontecerá em Belém — coração da Amazônia.
A ausência de metas revisadas mina a força coletiva dos países da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica) e enfraquece o discurso em defesa da floresta. A próxima tentativa de afinar os discursos será nesta sexta-feira (22), em Bogotá, durante a 5ª Cúpula Presidencial dos Países Amazônicos.
Apesar de representar menos de 10% das emissões globais, a América Latina é uma das regiões mais vulneráveis à crise climática. A falta de ação agora pode cobrar caro no futuro.