A megaoperação realizada contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e Penha, no Rio de Janeiro, provocou um verdadeiro choque de opiniões pelo país. Segundo a pesquisa AtlasIntel divulgada nesta sexta-feira, 57% dos entrevistados com renda superior a R$ 10 mil reprovaram a ação policial. Entre eles, apenas 40% aprovaram, mostrando que a elite vê a operação com bastante cautela.

O contraste é enorme quando olhamos para as faixas de renda mais baixas. Entre quem ganha até R$ 2 mil, 86,2% aprovaram a intervenção; na faixa até R$ 3 mil, 81% apoiaram a ação. Já o grupo de renda intermediária, entre R$ 5 mil e R$ 10 mil, apresentou opinião dividida: 53% aprovaram e 42% reprovaram.

A pesquisa também cruzou dados com o perfil político dos entrevistados. Entre eleitores de Lula, 84% desaprovam a operação, enquanto entre eleitores de Bolsonaro, a aprovação chega a impressionantes 99%. Nenhum eleitor do ex-presidente foi contra a ação, e quase todos concordaram com a intervenção.

Outro ponto que chamou atenção foi o gesto do novo secretário-geral da Presidência, Guilherme Boulos, que pediu um minuto de silêncio pelas vítimas da operação — policiais e moradores. A reação mostrou divergência nacional: 50% dos brasileiros acharam o gesto inadequado, e no Rio, esse índice chega a quase 60%.

Esses números revelam mais do que opiniões sobre segurança pública. Mostram a profunda divisão social e política do país, onde a percepção de violência e direitos muda de acordo com renda, vivência e posicionamento político. É um retrato que não dá para ignorar: as operações policiais no Rio não mexem apenas com segurança, mas com o coração e a visão de Brasil de cada cidadão.