A prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada nesta segunda-feira (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, caiu como uma bomba num momento crítico das negociações entre o governo Lula e o de Donald Trump. Nos bastidores, diplomatas tentavam abrir diálogo com os Estados Unidos para conter o tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros. Agora, com a nova medida judicial, tudo parece ameaçado.

A reação foi imediata. O Departamento de Estado dos EUA condenou a decisão e pediu que Bolsonaro tenha liberdade para se manifestar. Já o senador Marco Rubio, influente no governo Trump, classificou a medida como perseguição judicial.

O governo brasileiro, por sua vez, tenta manter a linha diplomática. A ordem é evitar declarações públicas sobre a prisão e focar nos interesses comerciais. Em reserva, integrantes do Itamaraty admitem preocupação, mas defendem que as conversas com os EUA não devem ser interrompidas.

No campo político, no entanto, a situação se complica. Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos, tem feito pressão para que Trump adote sanções contra Moraes. O gesto incomoda, mas não é novidade.

Entre especialistas, há divisão. Enquanto alguns veem risco de retaliação, outros acreditam que o comércio falará mais alto. Produtos agrícolas e industriais brasileiros seguem na mira do tarifaço, mas 42% já foram poupados, segundo a Amcham.