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Impacto no Agronegócio

Produtores ameaçam deixar laranja apodrecer no pé com tarifa dos EUA

Produtores enfrentam queda no preço e temem colapso do setor com nova taxa de importação americana

Fabrício Vidal anda pelos laranjais de Formoso, Minas Gerais, e balança a cabeça. “Se essa tarifa entrar, a fruta vai apodrecer no pé.” Ele não está sozinho nesse receio. Com a ameaça de uma nova tarifa de 50% sobre o suco de laranja brasileiro entrando em vigor em 1º de agosto, o sentimento no cinturão citrícola é de angústia.

Os Estados Unidos compram 42% do suco que o Brasil exporta, isso significa quase metade do mercado. Em dinheiro? Mais de US$ 1,3 bilhão por safra. E num cenário em que os preços da laranja caíram quase pela metade em um ano, segundo o Cepea/USP, a conta simplesmente não fecha.

O Brasil produz 80% do suco de laranja do mundo. A bebida que abastece marcas como Tropicana, Simply Orange, Minute Maid, Coca-Cola e Pepsi sai em grande parte de nossas lavouras. Mas o custo da colheita está tão alto e os preços tão baixos que muitos produtores estão considerando deixar de colher.

Sem os Estados Unidos, sobra pouco mercado. A China compra pouco por causa da renda média baixa. A Europa já leva mais da metade da produção. Índia e Coreia do Sul aplicam tarifas proibitivas. E triangulação por outros países, como Costa Rica, esbarra em regras internacionais.

E o consumidor americano?

O impacto também vai bater lá. A produção de suco de laranja nos EUA está no menor nível em meio século. Até setembro, 90% do suco consumido por lá será importado, principalmente do Brasil. Se o suco brasileiro encarecer, o preço na gôndola americana sobe. Simples assim.

Por ora, produtores, governo e exportadores cruzam os dedos. Porque, se essa porta se fechar, vai ser difícil encontrar outra que se abra com tanta sede de suco.

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  • Redação Citizen

    Redação do Portal Citizen

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