Economia e Negócios

Crise Comercial

Tarifa de Trump sobre café brasileiro acende alerta no mercado americano

Com imposto de 50%, importadores vêem risco real de quebra e consumidores devem pagar mais pela xícara diária

A xícara de café que começa o dia de milhões de americanos pode estar prestes a ficar muito mais amarga — e cara. Isso porque o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, incluiu o café brasileiro na lista de produtos que agora sofrem tarifa de importação de 50%.

A medida pegou o setor de surpresa e colocou pressão direta sobre uma indústria que movimenta mais de um milhão de empregos nos EUA. O Brasil, maior fornecedor do produto ao mercado americano, responde por quase um terço de todo o café consumido por lá.

“Isso é uma loucura”, desabafa Peter Longo, dono da tradicional Puerto Rico Importing Company, de Nova York. No ramo desde 1907, ele calcula que uma libra (cerca de 450g) de café que hoje custa US$ 15,99 pode saltar para quase US$ 24 com a nova tarifa — o equivalente a mais de R$ 290 por quilo.

“É impossível manter o mercado com esse valor. As pessoas simplesmente não vão pagar”, diz, preocupado. Ele confessa que a tensão está afetando até o sono: “Isso me tira o sono. Preciso descobrir como manter o fluxo de caixa respirando”.

Café não é cultivado nos EUA

O café, vale lembrar, não cresce nos Estados Unidos — ao menos não em escala. Pequenas plantações existem no Havaí, Porto Rico e no sul da Califórnia, mas não são nem de longe suficientes para atender os 450 milhões de xícaras consumidas diariamente no país.

Por isso, praticamente todo o café americano vem de fora. E entre os grãos mais usados está justamente o blend com origem brasileira, essencial para muitos cafés gourmet.

Estoques seguram impacto por pouco tempo

A tarifa entrou em vigor no dia 6 de agosto. Segundo Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, o setor ainda tem um pequeno fôlego graças aos estoques de importadores, que devem durar entre 30 e 60 dias.

Mas a corrida para tentar reverter a decisão já começou. “O setor brasileiro está tentando negociar a inclusão do café na lista de exceções. Se isso não acontecer logo, o impacto será devastador”, alerta.

Longo, no entanto, mantém uma ponta de esperança. “O americano ama café. Isso não muda. É um ritual, uma necessidade. Só espero que o governo entenda isso antes que seja tarde demais.”

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  • Redação Citizen

    Redação do Portal Citizen

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