Donald Trump voltou a tensionar o debate político nos Estados Unidos ao anunciar um plano radical para a cidade de Washington D.C., que inclui a remoção imediata de pessoas em situação de rua, a presença da Guarda Nacional e a promessa de “limpar” a capital federal.

“Vamos abrigá-los, mas longe da cidade”, escreveu o presidente no domingo (10), em sua rede Truth Social. Um dia depois, reforçou: “Vamos libertar Washington da imundície e da selvageria”.

Fontes ligadas ao Departamento de Defesa, ouvidas pelo New York Times, confirmaram que o governo analisa o envio de até mil soldados da Guarda Nacional para dar suporte às forças locais. A medida já provoca reações em todo o país e levanta discussões sobre o uso de militares em ações de controle urbano e exclusão social.

A coletiva prometida por Trump nesta segunda-feira (11) deve apresentar os detalhes do plano, que ele promete transformar Washington em uma cidade “mais segura e bonita do que nunca”. Segundo o presidente, criminosos não serão apenas removidos: “Vamos colocá-los na prisão, onde pertencem”.

Segurança ou segregação?

O discurso de Trump tem sido criticado por tratar a pobreza como um problema estético. Grupos de direitos civis e organizações sociais apontam que o presidente mistura segurança pública com criminalização da vulnerabilidade social.

Dados oficiais de 2024 indicam que Washington abriga mais de 5,6 mil pessoas em situação de rua — uma das maiores concentrações do país. A proposta de removê-las para fora da cidade, sem detalhar políticas de inclusão, reacende o debate sobre o direito à cidade e o tratamento dado às populações marginalizadas.

Trump também volta a ameaçar federalizar o controle da capital, que possui status político especial. A cidade, símbolo da democracia americana, se torna novamente palco de uma disputa entre visões antagônicas de governança: de um lado, ordem e força; do outro, direitos e dignidade.