A partir desta segunda-feira, 30 de junho, a comunicação institucional da Câmara Municipal de Anápolis ganhou novo fôlego com a nomeação do jornalista Vassil Oliveira para o cargo de diretor. Com uma carreira sólida na imprensa e longa trajetória em comunicação pública, Vassil assume a função em um momento delicado, sucedendo Denilson Boaventura, exonerado após ser alvo da Operação Máscara Digital, que investiga ataques virtuais contra cidadãos da cidade, incluindo autoridades locais.

A troca no comando da Comunicação marca uma tentativa clara de resgatar a credibilidade da instituição junto à sociedade. A missão, embora desafiadora, é familiar para quem já enfrentou batalhas semelhantes tanto nos bastidores do poder quanto nas redações dos principais veículos do Estado.

Um nome de respeito no jornalismo político

Natural de Vianópolis, interior goiano, Vassil traz no currículo mais de três décadas dedicadas ao jornalismo político e à comunicação institucional. Ele já foi editor de política do jornal O Popular, diretor de redação da Tribuna do Planalto, comentarista da Rádio Sagres 730 e atuou como consultor e estrategista em campanhas eleitorais de peso, como as de Henrique Meirelles (MDB) e Ronaldo Caiado (União Brasil).

Sua experiência, no entanto, não se restringe à cobertura jornalística. Ele conhece de perto os bastidores da política e os desafios da gestão pública. Esteve à frente da comunicação das prefeituras de Goiânia e Campo Grande (MS), presidiu a Agência Brasil Central (ABC), órgão oficial de mídia do Governo de Goiás, e comandou as assessorias de comunicação de gestões como as de Iris Rezende e Ronaldo Caiado.

É, portanto, um profissional acostumado ao jogo duro da política, mas também comprometido com o papel estratégico da comunicação pública: ser ponte entre o poder e o cidadão.

Substituição após escândalo

Vassil chega à Câmara de Anápolis para substituir Denilson Boaventura, afastado do cargo após se tornar alvo da Polícia Civil. O ex-diretor é investigado por supostamente integrar um grupo responsável por ataques digitais por meio do perfil “Anápolis na Roda”, utilizado para difamar pessoas públicas em Anápolis.

A operação, batizada de Máscara Digital, abalou a imagem da Casa Legislativa e levantou debates sobre o uso de estruturas públicas para fins de perseguição política. Com isso, a chegada de um nome respeitado como Vassil Oliveira é vista internamente como uma tentativa de virar a página.

“A escolha de Vassil mostra que a presidência da Câmara quer se distanciar de qualquer tipo de prática amadora ou antiética na comunicação”, avaliou um servidor da Casa, que preferiu não se identificar.

Nova fase e desafios à frente

De acordo com nota divulgada pela própria Câmara, “a chegada de Vassil reforça o compromisso com uma comunicação cada vez mais transparente, profissional e alinhada às demandas da sociedade”. Não por acaso, as primeiras conversas nos bastidores indicam que o novo diretor pretende reformular o fluxo de produção de conteúdo da Casa, priorizando agilidade, clareza e atuação mais ativa nas redes sociais.

A jornalista Narelly Batista, que vinha exercendo informalmente o cargo de diretora desde a saída de Boaventura, chegou a ser cotada para assumir de forma oficial a função. No entanto, preferiu continuar no comando da chefia de TV e Redes Sociais, área em que tem se destacado. A presidente da Câmara, vereadora Andreia Rezende (Avante), elogiou publicamente o trabalho da jornalista.

Com a escolha de Vassil, Andreia sinaliza intenção de profissionalizar a imagem pública do Legislativo, que tem enfrentado episódios de crise nos últimos meses. Internamente, a expectativa é de que o novo diretor traga estabilidade ao setor e recoloque a Câmara no eixo de uma comunicação de interesse público.

Trajetória que mistura imprensa, política e estratégia

Com passagem por campanhas eleitorais desde a década de 1990, Vassil tem no currículo participações em pleitos decisivos. Esteve na equipe de Lúcia Vânia em 1994, assessorou Henrique Meirelles em 2002 e novamente em 2022, além de ter feito parte da campanha vitoriosa de Ronaldo Caiado ao governo de Goiás em 2018.

Ele também foi chefe de imprensa dos ex-governadores Alcides Rodrigues e Ronaldo Caiado, o que lhe deu conhecimento aprofundado sobre gestão pública e a construção de narrativas institucionais em momentos de crise e de avanços administrativos.

A combinação de experiência na grande imprensa, vivência institucional e conhecimento de estratégias eleitorais pode ser decisiva para reorganizar a comunicação da Câmara. Em tempos de desinformação e redes sociais altamente polarizadas, saber o que dizer — e quando dizer — virou um ativo valioso.

Retomada da confiança

Anápolis tem vivido um momento de tensão política, especialmente após o escândalo envolvendo o ex-diretor. A nova gestão da Comunicação precisará lidar com um ambiente ainda sensível. A população, cada vez mais atenta, cobra posturas éticas e um relacionamento mais próximo entre o poder público e a sociedade.

Essa reconstrução de imagem não será imediata. Exige, além de estratégia, comprometimento com valores como integridade, clareza e serviço ao cidadão. Apesar do momento delicado, há certo otimismo nos corredores da Câmara. Entre os servidores, comenta-se que a escolha do novo diretor pode ser o começo de uma fase mais técnica e menos política na forma como a Casa se comunica com a população.

“O Legislativo tem um papel educativo e de mediação com a sociedade. Comunicar bem é respeitar o cidadão. Espero que a gente entre numa nova fase com mais transparência e diálogo e que as portas do gabinete da presidência volte a ficar abertas para o cidadão comum.”, disse um assessor legislativo.

O que esperar daqui pra frente

A expectativa é que nos próximos dias Vassil Oliveira inicie uma série de reuniões com os setores de imprensa, redes sociais, TV e institucional para reorganizar o fluxo de trabalho e realinhar a linha editorial dos canais oficiais da Câmara.

Fontes internas dizem que ele pretende dar mais espaço às atividades legislativas, como votações e projetos de lei, e também ampliar a interação com a imprensa local, que nos últimos meses esteve em rota de colisão com a Casa.

A aposta é que, com mais visibilidade positiva e prestação de contas, a Câmara consiga retomar a confiança do público. Afinal, em tempos de fake news, uma comunicação pública qualificada é mais que uma ferramenta: é uma necessidade.