A temperatura política em Brasília subiu de vez. A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal, oficializada por Lula, desencadeou uma reação imediata e nada sutil de Davi Alcolumbre. Assim que soube que o presidente havia descartado a opção que defendia — a de Rodrigo Pacheco —, o senador do Amapá decidiu colocar em votação um projeto capaz de pressionar o governo no bolso.
A proposta, criada pelo senador Veneziano Vital do Rêgo, regulamenta a aposentadoria especial para agentes comunitários de saúde e de combate às endemias. O texto concede salário integral e reajustes iguais aos da ativa para quem cumprir os requisitos mínimos. Um avanço esperado há anos pela categoria e que Alcolumbre diz corrigir uma injustiça histórica, mas que também carrega um impacto pesado no Orçamento.
O anúncio veio praticamente em cima da hora, minutos após Lula comunicar sua escolha. Pacheco, aliado de Alcolumbre, já havia sido avisado de que ficaria fora da disputa. Em meio ao desconforto, o presidente do Senado não escondeu a contrariedade. E, em Brasília, quando alguém desse tamanho se irrita, a pauta muda — e rápido.
Enquanto isso, Messias se prepara para enfrentar a sabatina da Comissão de Constituição e Justiça. Terá de encarar perguntas afiadas, especialmente da oposição, que promete explorar temas sensíveis. Nos bastidores, o clima é de expectativa: a aprovação é considerada provável, mas longe de ser tranquila.
O estopim expôs uma turbulência que vinha sendo contida. E a votação marcada para terça-feira pode servir de termômetro para medir até onde vai o desgaste entre o Planalto e o Senado.
