Clima de Tensão
Lula e Milei mostram distanciamento e opiniões divergentes durante encontro na Cúpula do Mercosul
Cúpula em Buenos Aires escancara distanciamento entre Brasil e Argentina, com discursos duros e recado claro de Milei: “Seguiremos rumo à liberdade, com ou sem o bloco”

Confronto velado entre Lula e Milei esquenta clima na Cúpula do Mercosul
Lado a lado, mas a quilômetros de distância no discurso. Lula e Javier Milei se encontraram nesta quinta-feira (3), em Buenos Aires, na Cúpula do Mercosul — e a falta de sintonia foi evidente. A troca de comando do bloco, da Argentina para o Brasil, virou palco para críticas cruzadas e recados duros entre os dois presidentes.
Enquanto Lula defendeu o Mercosul como escudo contra guerras comerciais e reforçou a necessidade de fortalecer a cooperação regional com uso de moedas locais, Milei não economizou. Chamou o bloco de “cortina de ferro”, acusou a estrutura de travar o comércio e classificou as agências do Mercosul como “burocracia inútil”.
Sem sequer tentarem disfarçar o incômodo mútuo, os dois líderes protagonizaram um dos momentos mais frios da diplomacia recente. Lula, contido, leu seu discurso sem improvisos. Já Milei adotou o tom direto: “Diplomacia é a arte de não dizer nada, mas hoje vou falar o que penso”.
Em meio às divergências, ao menos um ponto uniu os dois: o combate ao crime organizado. Lula citou a importância da Tríplice Fronteira e da cooperação policial. Milei foi além, mencionando nomes de facções criminosas brasileiras que já atuam em outros países da região.
No fim, o recado do argentino foi cristalino: se preciso, a Argentina seguirá sozinha. “Estamos indo rumo à liberdade”, disse, reafirmando que o Mercosul, nos moldes atuais, pode ficar para trás.
*Com informações da CNN Brasil