O mundo chegou a um ponto crítico. Segundo um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o planeta deve ultrapassar o limite de 1,5°C de aquecimento em relação aos níveis pré-industriais já na próxima década. O alerta, divulgado nesta terça-feira (4), acontece a poucos dias da COP30, que será realizada em Belém (PA).

O documento, intitulado “Emissions Gap”, mostra que os países falharam em agir com a velocidade necessária para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Mesmo com os compromissos firmados no Acordo de Paris, de 2015, a projeção atual indica um aumento entre 2,3°C e 2,5°C até o fim do século — bem acima da meta considerada segura pelos cientistas.

A autora principal do relatório, Anne Olhoff, reconhece que ainda há tempo para desacelerar o avanço, mas não para evitá-lo.

“Podemos retardar a ultrapassagem, mas não impedi-la completamente”, disse.

O desafio, agora, é impedir que o planeta entre em um ciclo irreversível de eventos extremos.

Os números reforçam a urgência da próxima conferência do clima. A ONU calcula que as políticas atuais levarão a um aquecimento de até 2,8°C, cenário que ampliaria a destruição de ecossistemas, o colapso de recifes de corais e a exposição de milhões de pessoas a ondas de calor e secas severas.

Apesar de pequenos avanços — como novas metas da China e de outros grandes emissores —, o PNUMA destaca que o progresso ainda é insuficiente. O planeta continua queimando carvão, petróleo e gás em ritmo acelerado. A mensagem da ONU é clara: sem cortes drásticos e imediatos, a janela para limitar o aquecimento está se fechando rapidamente.