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Bastidores Diplomáticos

Lula e Trump na ONU, entre gestos frios e tarifas quentes

Possível encontro entre presidentes na Assembleia da ONU ocorre em meio a atritos comerciais e embates ideológicos

Os olhos do mundo estão voltados para Nova York nesta semana, onde a Assembleia Geral da ONU de 2025 coloca, pela primeira vez, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump no mesmo palco — ainda que separados por muito mais que ideologias.

Sem confirmação de reunião bilateral, a possível troca de acenos entre os dois líderes acontece num momento de tensão crescente. Desde julho, o Brasil e os Estados Unidos vivem uma escalada diplomática com cara de guerra comercial. A sobretaxa de 50% imposta por Washington a produtos brasileiros e a regulamentação da Lei de Reciprocidade pelo governo brasileiro ampliaram o clima de confronto.

Nos bastidores da ONU, o clima é de expectativa. Fontes próximas à delegação brasileira indicam que, embora exista uma antessala comum aos presidentes, não há garantias de que Lula e Trump se cruzem. Se acontecer, o gesto será apenas simbólico.

Lula, em entrevista recente, já adiantou: se encontrar Trump, vai cumprimentar. “Sou um cidadão civilizado”, disse. Mas, nos bastidores diplomáticos, civilidade não é sinônimo de diálogo.

Crise política virou disputa comercial

Tudo começou com as críticas de Trump ao julgamento de Jair Bolsonaro no STF. Chamou de “caça às bruxas” e, dias depois, anunciou as tarifas sobre o Brasil. A resposta de Lula veio rápida: “chantagem inaceitável”.

Desde então, as trocas de farpas aumentaram. Trump restringiu vistos de ministros brasileiros. Lula respondeu com um artigo publicado no New York Times, defendendo o STF e atacando o protecionismo americano.

Expectativa é baixa para aproximação

Analistas ouvidos por veículos internacionais são unânimes: o clima não é de aproximação. O professor Paulo Velasco, da Uerj, é direto:

“O cenário é de distanciamento. A ONU será palco de discursos, não de negociação.”

Já Matias Spektor, da FGV, vai além:

“Eles podem nem se falar. O máximo será um cumprimento formal, e olhe lá.”

Para ele, os discursos serão voltados aos públicos internos. Lula deve reforçar a defesa da soberania e do livre comércio. Trump, por outro lado, deve mirar sua base eleitoral com críticas à esquerda.

Com câmeras e microfones prontos, o que a ONU revelará não será um aperto de mãos, mas o tom das próximas semanas. E talvez isso diga mais do que qualquer reunião fechada. A mensagem está no ar e o mundo está ouvindo.

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  • Redação Citizen

    Redação do Portal Citizen

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